Semana passada, o chefe da Frente Al Nusra, grupo terrorista ligado à Al Qaeda, mandou um recado para o vizinho Líbano: “a verdadeira batalha vai começar em breve”. Isso já é esperado por Rifaat Nasrallah, um dos líderes do exército cristão de resistência ao Estado Islâmico (EI). Acampados na pequena aldeia de Ras Baalbek, no Líbano, sua milícia tem se mostrado eficiente ao impedir o avanço dos extremistas para o território libanês.
“Se não fosse por nós, seria uma Mosul para os cristãos no Líbano”, explica Nasrallah, lembrando do massacre ocorrido na vizinha Síria. Após saber que os militantes islâmicos estavam matando, crucificando e decapitando a população cristã do norte do Iraque e na porção ocidental da Síria, alguns grupos de cristãos do Líbano decidiram pegar em armas, dizendo que se recusam a passar pela mesma situação.
Nasrallah, um veterano da guerra civil do Líbano, reuniu pela primeira vez seu pequeno exército após soldados islâmicos do grupo Frente al-Nusra conseguir invadir sua cidade durante o verão, saqueando empresas e residências pertencentes a cristãos.
Em agosto, a apenas alguns quilômetros ao sul de Ras Baalbek, cidade fronteiriça de Arsal foi invadida por grupos rebeldes, incluindo militantes da al-Nusra e do EI. Os combatentes cristãos esperavam uma invasão do Líbano. Para garantirem sua segurança, fizeram o impensável, aliaram-se temporariamente com membros do Hezbollah, que não querem ver o EI em seu território.
De fato, o Hezbollah, que é aliado do Irã e do presidente sírio Bashar al-Assad, tem participado abertamente da guerra civil síria desde 2013, lutando contra grupos rebeldes. O governo não apoia a formação de milícias, mas reconhece que o exército não tem conseguido garantir sozinho a inviolabilidade das fronteiras.
Para Nasrallah e seu grupo essa não é uma questão apenas religiosa: “Não somos convidados no Oriente Médio. Nós somos os proprietários dessa região”. Para ele, não existe contradição entre ser cristão e pegar em armas para se defender.
O Líbano é o país com maior proporção de cristãos no Médio Oriente, são cerca de 50% dos seus 3,5 milhões de habitantes. Desde o fim da guerra civil (1975-1990), por lei, o chefe das Forças Armadas do Líbano, deve ser um cristão maronita. Nenhuma das outras religiões libanesas questiona isso. Historicamente sempre reuniu muçulmanos xiitas e sunitas, drusos e cristãos (ortodoxos, armênios, maronitas e melquitas).
Com informações de The Daily Beast
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