quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Jesus e o diabo são a mesma pessoa em novo filme de Hollywood

Toda vez que Hollywood faz um filme sobre um tema bíblico, existe um grande potencial para polêmica. Nos últimos anos, alguns longas com temas cristãos foram sucesso de bilheteria, renovando o interesse dos estúdios por essa temática.
Alguns como “Noé” acabaram tendo um desempenho fraco justamente por fugirem da narrativa bíblica e criar uma história que pouco tem a ver com a original. Êxodo: Deuses e Reis, que estreia este mês no Brasil, deve seguir o mesmo caminho, a julgar pela audiência nos países onde já está em cartaz.
A conhecida revista Entretainment Weekly anuncia que o longa “Last days in the desert” [Últimos Dias no Deserto] já foi finalizado e se apresenta polêmico antes mesmo de estrear.
Ele é um dos destaques do próximo festival de cinema de Sundance, realizado no próximo janeiro em Utah, EUA. Inicialmente foi anunciado como um filme sobre o embate entre um homem santo e os demônios.
Agora, revelou-se que, na verdade, trata-se de uma ficção baseada nos 40 dias de jejum e oração que Jesus passou no deserto. O que mais chamou atenção é que o ator Ewan McGregor (Moulin Rouge – o amor em vermelho) interpretará tanto Jesus como o Diabo. Ou seja, implica que ambos são a mesma pessoa.
Segundo a revista, o roteiro mostra o personagem Yeshua (Jesus, em hebraico) sendo tentado enquanto anda sozinho no deserto. “Você pode ver o demônio como o Diabo ou como um outro lado de Yeshua, talvez uma manifestação física de suas dúvidas”, afirmou McGregor à Entertainment Weekly. “Ele o está testando, insinuando que seu pai não o ama e que não está interessado em sua luta interior”.
Durante esses dias no deserto, Yeshua encontra uma família que está vivendo seus próprios conflitos entre pai e filho. Tye Sheridan (Mud) interpreta um menino que deseja abandonar o ambiente desolador do deserto e viajar a Jerusalém para ter uma vida melhor. Seu Pai (Ciarán Hinds), insiste que ele deveria ficar perto de casa.
Interpretar Cristo e o Diabo deixou McGregor inicialmente intimidado, mas ele conta que procurou focar na “dualidade” de Jesus e se concentrar mais nos “aspectos humanos de seu caráter”. O ator conta que pensou: “Ele é um homem que está lutando para se comunicar com o pai”.
“Eu não estava interpretando Jesus, mas um homem que está tentando se comunicar com seu pai, que acontece de ser Deus”, insiste. “Tentei imaginar como é para um homem a ordem paterna de que ele morra pelo pecado dos outros… O filme na verdade é sobre a relação entre pais e seus filhos”. Espera ainda que a audiência estenda essa diferença e não veja como uma ofensa a suas convicções religiosas individuais.
Ao falar sobre como interpretou o diabo, McGregor conta que o enfoque é como o demônio estava tentando afastar Jesus de sua missão, “enfraquecendo essa convicção de Yeshua”.
O roteiro em princípio é uma ficção, não se propõe a ser literal, mas o uso de uma conhecida passagem da Bíblia e o nome do personagem principal poderão confundir quem vai ao cinema e não está familiarizado com a narrativa original. Ewan finaliza: “Não há nada que possivelmente perturbe as pessoas [no filme], basta lembrar que é uma história sobre Jesus que não existe nas Escrituras… Não há nada de ofensivo”.
Criado e dirigido por Rodrigo Garcia, (Destinos ligados), tem a fotografia do mexicano Emmanuel Lubezki, que ganhou o Oscar este ano por “Gravidade”. Ainda não há previsão de quando será lançado no Brasil.

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