Toda vez que Hollywood faz um filme sobre um tema bíblico, existe um grande potencial para polêmica. Nos últimos anos, alguns longas com temas cristãos foram sucesso de bilheteria, renovando o interesse dos estúdios por essa temática.
Alguns como “Noé” acabaram tendo um desempenho fraco justamente por fugirem da narrativa bíblica e criar uma história que pouco tem a ver com a original. Êxodo: Deuses e Reis, que estreia este mês no Brasil, deve seguir o mesmo caminho, a julgar pela audiência nos países onde já está em cartaz.
A conhecida revista Entretainment Weekly anuncia que o longa “Last days in the desert” [Últimos Dias no Deserto] já foi finalizado e se apresenta polêmico antes mesmo de estrear.
Ele é um dos destaques do próximo festival de cinema de Sundance, realizado no próximo janeiro em Utah, EUA. Inicialmente foi anunciado como um filme sobre o embate entre um homem santo e os demônios.
Agora, revelou-se que, na verdade, trata-se de uma ficção baseada nos 40 dias de jejum e oração que Jesus passou no deserto. O que mais chamou atenção é que o ator Ewan McGregor (Moulin Rouge – o amor em vermelho) interpretará tanto Jesus como o Diabo. Ou seja, implica que ambos são a mesma pessoa.
Segundo a revista, o roteiro mostra o personagem Yeshua (Jesus, em hebraico) sendo tentado enquanto anda sozinho no deserto. “Você pode ver o demônio como o Diabo ou como um outro lado de Yeshua, talvez uma manifestação física de suas dúvidas”, afirmou McGregor à Entertainment Weekly. “Ele o está testando, insinuando que seu pai não o ama e que não está interessado em sua luta interior”.
Durante esses dias no deserto, Yeshua encontra uma família que está vivendo seus próprios conflitos entre pai e filho. Tye Sheridan (Mud) interpreta um menino que deseja abandonar o ambiente desolador do deserto e viajar a Jerusalém para ter uma vida melhor. Seu Pai (Ciarán Hinds), insiste que ele deveria ficar perto de casa.
Interpretar Cristo e o Diabo deixou McGregor inicialmente intimidado, mas ele conta que procurou focar na “dualidade” de Jesus e se concentrar mais nos “aspectos humanos de seu caráter”. O ator conta que pensou: “Ele é um homem que está lutando para se comunicar com o pai”.
“Eu não estava interpretando Jesus, mas um homem que está tentando se comunicar com seu pai, que acontece de ser Deus”, insiste. “Tentei imaginar como é para um homem a ordem paterna de que ele morra pelo pecado dos outros… O filme na verdade é sobre a relação entre pais e seus filhos”. Espera ainda que a audiência estenda essa diferença e não veja como uma ofensa a suas convicções religiosas individuais.
Ao falar sobre como interpretou o diabo, McGregor conta que o enfoque é como o demônio estava tentando afastar Jesus de sua missão, “enfraquecendo essa convicção de Yeshua”.
O roteiro em princípio é uma ficção, não se propõe a ser literal, mas o uso de uma conhecida passagem da Bíblia e o nome do personagem principal poderão confundir quem vai ao cinema e não está familiarizado com a narrativa original. Ewan finaliza: “Não há nada que possivelmente perturbe as pessoas [no filme], basta lembrar que é uma história sobre Jesus que não existe nas Escrituras… Não há nada de ofensivo”.
Criado e dirigido por Rodrigo Garcia, (Destinos ligados), tem a fotografia do mexicano Emmanuel Lubezki, que ganhou o Oscar este ano por “Gravidade”. Ainda não há previsão de quando será lançado no Brasil.
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