terça-feira, 9 de agosto de 2016

Novo filme de Scorsese é sobre cristãos perseguidos

Dois jovens jesuítas vão ao Japão em busca de um missionário que perdeu sua fé após experimentar torturas terríveis. Esse é o resumo de “Silêncio”, novo filme do aclamado diretor Martin Scorsese, que estreia em dezembro.
O projeto estava em seus planos desde 2004 e teve uma produção cheia de percalços, sendo adiado várias vezes.
De formação católica, o diretor não abordava um tema religioso em suas produções desde Kundun (1997), onde retratou a vida do Dalai Lama, líder espiritual budista. Uma década antes, ele enfureceu cristãos de todo o mundo ao adaptar para as telas o livro A Última Tentação de Cristo (1988), que mostrava Jesus questionando seu papel como “salvador” enquanto era pregado na cruz.
No roteiro de Silêncio, adaptação do romance homônimo, do escritor católico japonês Shusaku Endo, ele mostra a perseguição sofrida pelos jesuítas enquanto tentavam cristianizar o Império do Sol Nascente no século 16. O drama é protagonizado por Liam Neeson, Adam Driver e Andrew Garfield.
Produzido pela Paramount, o longa ficou marcado por um acidente que causou a morte de um funcionário e feriu outros três. A história é fictícia, mas baseou-se na coleta de relatos verídicos da época, aborda principalmente o choque cultural entre a espiritualidade dos jesuítas (espanhóis e portugueses) e o pragmatismo materialista dos japoneses.
Scorsese chegou a frequentar o seminário quando jovem. Ele afirmou numa entrevista no ano passado, “Fé é um assunto que sempre me interessou, e o livro de Shusako Endo traz uma reflexão sobre o que significa levar uma vida seguindo a fé cristã.”


Liam Neeson interpreta o padre Cristóvão Ferreira.

Liam Neeson interpreta o padre português Cristóvão Ferreira que de fato existiu. Ele renunciou à fé e passou a combater o cristianismo em terras japonesas. O ator é irlandês, de formação cristã. Confessa que o filme aborda várias questões como “Existe um deus? Qual o propósito da fé? O que nos faz sair da cama todos os dias pela manhã?”. Para ele, “são perguntas simples que o filme dramatiza de maneira espetacular”.
Perseguição de cristãos no Japão
Os primeiros missionários católicos chegaram ao Japão em 1549. Logo sofreram com a desconfiança da nobreza, que seguia o budismo. Cinquenta anos depois, havia 95 jesuítas estrangeiros no país, e pelo menos 70 jesuítas nativos do Japão.
O auge da expansão do cristianismo no país foi em 1614, quando teve início uma perseguição sistemática. Os missionários foram proibidos de continuarem sua pregação. A partir de então, o cristianismo entrou na clandestinidade. A perseguição gerou ataques e mortes, estendendo-se até 1873.
Segundo os historiadores, pelo menos mil pessoas foram martirizadas por causa da fé e milhares de cristãos leigos faleceram em consequência de doenças e da pobreza, pois sofreram o confisco dos seus bens. 

Com informações de Unisinos e Roberto Sadovski

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