O músico Duca Tambasco, baixista do Oficina G3, usou sua página no Facebook para revelar que foi furtado após um show na cidade de Vitória da Conquista (BA).
A publicação foi feita no último domingo, 30 de outubro, mas o show aconteceu na noite anterior. No texto, Duca diz que sua bolsa com documentos, uma câmera GoPro e outros pertences foi furtada, e que sua pretensão, com a iniciativa de revelar o episódio, era propor uma reflexão sobre honestidade.
“Que a gente reflita sobre o nosso próprio caráter. Sobre como reagiríamos diante da oportunidade de fazer o certo e escolher fazer o errado”, disse o músico.
Confira a íntegra do desabafo de Duca Tambasco:
ROUBARAM MINHA BOLSA ONTEM!
Ontem tocamos num festival, DESSES com banda pra tudo o que é lado e uma logística difícil, admito.
Logo, alguns percalços aqui, outros ali, mas nada que já não tenha visto ao longo de mais de 20 anos de estrada.
Tivemos aquela “honraria” de ser a banda de encerramento. Isso às 3h00 da manhã (!!!) já com o povo exausto.
Usando a palavra da moda, o palco era um desgoverno! Fazia tempo que não via um palco com tanta gente em cima. 60, 80, 100 pessoas em cima do palco!? Não sei mensurar, mas era gente pra caramba! Tipo o presságio da desgraça. Pois é, fui premiado com a desgraça. No momento de atender a imprensa, tirei a minha bolsa do ombro (por respeito com a imprensa, pra não parecer desleixado como quem não vê a hora de ir embora) e a coloquei numa cadeira. Demos a entrevista. Daí meu técnico entrou no camarim nos acelerando para ir embora porque o palco estava fora de controle. Nesse desespero todo, acabei esquecendo minha bolsa no camarim da imprensa.
Foram 5 minutos do momento que esqueci e me dei conta disso. Bem, foi tempo o suficiente para alguém da organização/público/segurança a roubasse.
Dos males o menor: meu notebook, celular, placa de som, iPad, nada estava lá.
Só minha GoPro. Sim, minha GoPpro que uso pra alimentar meu canal no YouTube. Além da minha carteira com documentos e cartões (já devidamente bloqueados), minha carteira da ordem dos músicos, cópia autenticada dos documentos da minha filha, um tripé gorila, minha blusa de moleton e a blusa do Mauro.
Já passei por todas as etapas da perda: raiva, impotência, frustração, tristeza e por fim, conformidade.
Mas fica a reflexão: quando um ladrão sai de casa pra “trabalhar” ele sai determinado, “bora roubar alguém, alguma coisa”.
No caso de ontem foi diferente. Quem roubou minha bolsa estava num show de música cristã, seja trabalhando no backstage ou curtindo. Essa pessoa não saiu de casa determinada a roubar alguém/algo.
Essa pessoa teve a oportunidade de fazer a coisa certa – encontrar algo que não lhe pertence -, procurar o dono e devolver. Ela fez a escolha errada. Ela optou por se apropriar por algo que não lhe pertence. Roubo. Me assusta isso! Me assusta o brasileiro ter um discurso tão bem moldado sobre honestidade e na oportunidade de ser honesto, escolher o caminho errado.
Hoje pela manhã conversávamos na van sobre o ocorrido e o técnico comentou sobre um quadro que tinha num programa televisivo: teste de honestidade. Ele dizia que dentre tantos episódios que ele assistiu, o que mais lhe chocou, foi o de uma senhora de idade, “poderia ser minha mãe”, roubou algo vergonhosamente e alguns metros adiante foi abordada por uma entrevista. “A senhora acha o brasileiro honesto?”. “Sim”. E a senhora, é honesta?”. “Claro!!!” “Então porque a senhora roubou lá atrás?”. Quando flagrada, sustentou até o final que não havia roubado nada! Tiveram que chamar a Polícia.
Pois bem, que a gente reflita sobre o nosso próprio caráter. Sobre como reagiríamos diante da oportunidade de fazer o certo e escolher fazer o errado.
P.S.: isso aconteceu em Vitória da Conquista. Sinceramente não tenho esperança de encontrar, mas sei lá, se algum de vocês que ler isso souber de algo e puder me ajudar mandando inbox, agradeço de coração.
P.P.S.: se vocês puderem ajudar compartilhando essa postagem, também serei muito grato. Digo, se encontrar bem, mas que pelo menos o texto leve as pessoas a pensarem sobre honestidade e caráter.
- Duca Tambasco
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