segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Evangélicos transformam vagão de trem em “igreja móvel”

O vagão do trem em Nairobi leva os passageiros todos os dias para o trabalho, mas o pregador tem esperanças que também os leve para Deus. A viagem começa nas primeiras horas da manhã no subúrbio de Ruiru, a cerca de 40 quilômetros da capital do Quênia.
Nos últimos cinco anos, a linha viu um número crescente de pastores fazer pregações para as centenas de trabalhadores que a utilizam todos os dias para irem para o trabalho. Com o tempo, a congregação improvisada se mostrou interessada em ouvir o evangelho.
Por isso, um segundo vagão passou a ser usado como “igreja móvel” todos os dias. A viagem dura cerca de uma hora. As pessoas cantam, dançam, batem palmas e depois escutam um breve sermão.
Jane Wanjiru, que frequentemente participa dos cultos e ocasionalmente até prega no trem, testemunha que muitos daqueles passageiros não costumavam orar nem ir à igreja. “Neste caso, a comunhão que temos no vagão se torna uma boa alternativa”, disse ela.
Nas paradas que faz, o trem pega passageiros em bairros da classe média e favelas. Quando chega no fim da linha, na Estação Ferroviária Central da capital, geralmente há pessoas que já aceitaram Jesus ou receberam orações e foram curadas, garantem os pregadores.
Nove pastores se revezam para ministrar todos os dias nos dois vagões. A audiência cativa reúne desempregados, funcionários públicos e comerciantes. Nenhum dos pastores é remunerado. São homens e mulheres que já usavam a linha para irem aos seus empregos e viram naquele local uma oportunidade para ministrar. Os temas dos sermões geralmente se relacionam com as lutas da maioria da população no país empobrecido, que convive com conflitos étnicos.
“Você deve diferenciar entre sacrifício verdadeiro e o que não é. Deus quer que façamos verdadeiros sacrifícios”, disse o pastor Benjamin Mutungi, 34, em uma pregação recente no trem. Alguns dos passageiros abrem suas próprias Bíblias para lerem junto a passagem.
Ele e os outros pastores seguem uma programação prévia, estabelecendo um rodízio. Assim, não usam os mesmos vagões todos os dias e procuram atingir o maior número possível de passageiros. Eles se espalham e evangelizam nos outros vagões. Também decidiram que nunca seria pedido dinheiro a título de ofertas.
Benson Ndolo, um contador que prega com frequência no trem, disse que sua vida cristã se transformou na igreja sobre trilhos. “Abriu portas para mim. Hoje sou uma pessoa melhor aqui e no trabalho”, comemora.
Julius Dzolo, que trabalha em um escritório, disse que os sermões o ajudam a lidar com o estresse. “A pregação me ajuda a relaxar”, explica. “Se eu tiver raiva de alguém no trabalho, depois do sermão consigo perdoar muito mais facilmente”.
“Muitos foram ajudados a lidar com seus problemas. Oramos pelos doentes e também pelos desempregados. Alguns voltaram e contam que houve mudança em suas vidas”, destaca o pastor Michael Mbogo, 41, que começou a pregar no trem anos atrás.
“Eu acredito que minha pregação podia ajudar essas pessoas”, relata. “No início, temia que as autoridades fossem me expulsar, mas quando as pessoas começaram a participar dos cultos com alegria, nos deram permissão para continuar”. 

Com informações Religion News

Nenhum comentário:

Postar um comentário