Em meio a tantas notícias negativas sobre as Olimpíadas Rio 2016, um episódio de antissemitismo acabou recebendo pouca atenção da imprensa no Brasil. Contudo, o fato teve forte repercussão no Oriente Médio.
Na noite abertura dos Jogos, atletas do Líbano e de Israel deveriam dividir o mesmo ônibus que levaria todos à cerimônia de inauguração, no Maracanã. Segundo denunciou o técnico da equipe israelense de vela, Udi Gal, os libaneses se negaram a dividir os assentos do veículo com os israelenses.
Brigando com o motorista, exigiram que a porta do veículo fosse fechada. Os organizadores do evento ainda tentaram distribuir os atletas de Israel em vários em ônibus diferentes, mas a delegação insistiu em ficar junta, alegando questões de protocolo e segurança. Foi preciso encontrar um ônibus exclusivo para a delegação de Israel.
Gal tachou o fato de “vergonhoso” e lembrou que eles participam dos Jogos como atletas, “não como políticos”. A ministra de Esporte de Israel, Miri Reguev, chamou os atletas libaneses de “racistas” e “antissemitas” e exortou o Comitê Olímpico Internacional (COI) para que condene a conduta.
Ao mesmo tempo, o chefe da delegação do Líbano, Salim Hajj Nacula, declarou à imprensa que “os israelenses estavam procurando problema”. Ele acredita que tinha direito de impedir que os atletas de “outro país” subissem em um ônibus reservado para eles. Parte da mídia do Oriente Médio o está chamando de “herói” por causa de sua atitude.
Foram 250 ônibus usados para o transporte na noite de abertura. A argumentação de Nacula de exclusividade não encontra respaldo. Em alguns casos, delegações de diferentes países dividiram tranquilamente o transporte. Nenhum outro problema grave foi registrado.
O COI sempre age como um forte defensor da separação entre política e esporte em outras situações. Até o momento, não há uma posição oficial sobre o caso no Rio.
Outro incidente
Segundo a imprensa de Israel, mostras de antissemitismo se repetiram no domingo. A judoca Joud Fahmy, da Arábia Saudita simplesmente não apareceu para sua luta. Ela tinha um confronto contra a romena Christianne Legentil.
O comitê olímpico saudita justifica que a lutadora não compareceu pois teve lesões nas pernas e nos braços durante o treinamento.
Contudo, o motivo teria sido outro. Caso vencesse, a árabe enfrentaria a israelense Gili Cohen. Com sua desistência, a israelense lutou com a romena. Cohen acabou perdendo.
Segurança falha
Por causa das ameaças de atentado do Estado Islâmico, a organização dos Jogos anunciou que seriam tomadas medidas de segurança para um “cuidado extra” com delegações como a americana e a israelense.
A delegação de Israel este ano é a maior da história em Olimpíadas, com 47 atletas competindo em 17 esportes. Também trouxe ao Brasil 34 técnicos e 25 membros da equipe de apoio. A maior parte não participou da abertura, mas fica evidente que houve uma séria falha na segurança.
Atletas de Israel possuem um histórico triste. Eles foram vítimas do maior ataque terrorista da história das Olimpíadas. Nos Jogos de 1972, na Alemanha, onze deles foram sequestrados e mortos pelos palestinos do Setembro Negro.
Com informações de Times of Israel
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