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sábado, 13 de dezembro de 2014

Em visita ao Brasil, Os Arrais comentam sobre novos projetos

Eles vivem nos Estados Unidos, mas as músicas são tocadas no Brasil. São sucesso no internet, mas afirmam que não tem carreira musical. É sem nenhuma normalidade que a dupla Os Arrais tem cantado a Palavra em versos e poesia. Já gravaram dois álbuns “Introdução” e “Mais”, e estão se preparando para mais uma gravação “Torah”. Eles estiveram na última terça-feira (9) na Lagoinha e ficaram à vontade para louvar ao Senhor. Entre uma canção e outra, a Bíblia era narrada e contada a partir de histórias. Centenas de pessoas sentadas, adoraram ao Senhor com singeleza e simplicidade no mesmo ritmo que a dupla conduzia a noite.

Ainda vivem nos Estados Unidos?

André: Sim. Terminei meu mestrado agora. Fui chamado para ser pastor na região de Albuquerque no Novo México (EUA). Não tenho previsão de retorno para o Brasil tão cedo. Já o Tiago foi chamado para dar aula no interior de São Paulo. No final de agosto de 2015 ele conclui o doutorado nos Estados Unidos e retorna ao Brasil.

 Então vocês vão se separar?

Tiago: Não necessariamente, porque somos vizinhos de parede nos Estados Unidos, mas ficamos a semana inteira sem nos vermos. Tecnicamente a gente vive separado. Por mais que ficaremos geograficamente separado a gente continua junto. E em relação à música, continuamos da mesma forma, em janeiro vamos gravar mais um CD.

Vocês desempenham algum ministério nos Estados Unidos?

André: Cuido de uma igreja americana. Já o Tiago tem várias atividades.
Tiago: Por ser estudante, a minha prioridade é família e estudos, mas me reúno com um grupo de universitários durante a semana para estudarmos a Bíblia. O nosso alvo é servir a igreja enquanto estudamos.

Vivendo tanto tempo lá fora, decidiram compor alguma canção em inglês?

André: Já criamos músicas em inglês, mas não gravamos. Hoje em dia prefiro compor em inglês por achar mais fácil.

Tiago: Compor em inglês é muito mais fácil tanto por causa do vocabulário, quanto pela nossa exposição teológica que está mais relacionada aos Estados Unidos, mas a gente sabe que o potencial da música está no Brasil. Precisávamos priorizar uma língua e optamos pelo português. Não que essa decisão nos impeça de gravar alguma canção em inglês no futuro.

Embora não tenham gravado nenhuma canção em inglês, o ritmo folk do estilo de vocês tem certa influência da cultura americana.

Tiago: Esse ritmo faz parte das canções que crescemos ouvindo. Ainda na infância, residimos duas vezes nos Estados Unidos enquanto meus pais também estudavam teologia. Crescemos com eles, ouvindo esse tipo de influência musical de acústico, violão, além do mais, vários cantores que apreciamos seguem também essa linha musical. Voltamos para o Brasil, mas ainda com essa influência, embora a nossa poesia e a forma de pensar siga totalmente a cultura brasileira. Acredito também que o folk não seja exclusivamente americano. Vemos esse ritmo em vários outros países. Penso que estamos fazendo algo abrasileirado nas nossas composições.

Como vocês administram o trabalho, uma vez que vivem nos Estados Unidos, mas têm a carreira no Brasil?

Tiago: A gente não faz nada (risos). Esse que é o ponto chave! Não consideramos que temos uma carreira.

Então não consideram a música uma carreira, mas um hobby?

Tiago: As músicas coaparecem com a coexistência. Quando a gente sofre, se emociona, descobre algo novo na Bíblia, então compomos. Acredito que essa é a nossa contribuição na música. Não escrevo uma música simplesmente por escrever, mas ela precisa vir de uma experiência. Então, as nossas músicas coaparecem com a nossa coexistência. Não fazemos para ter uma carreira. Estou há nove meses sem compor e não estou entrando em um colapso existencial. Precisamos ter paciência e entender o tempo. Nunca escreva quando não tem nada para dizer. Se não temos nada para falar, não compomos.

Vocês vivem em outro país enquanto as músicas estão sendo conhecidas no Brasil. É uma surpresa chegar e ver as pessoas cantando as canções?

André: Uma coisa é a teoria, outra é vivenciar. Não recebemos muitos testemunhos e e-mails e, por isso, imaginamos uma determinada realidade, mas outra coisa é ver a multidão cantando. Ontem tocamos em São Paulo e não tínhamos ideia de quantas pessoas iriam à nossa apresentação. Subimos no palco para tocar e as cortinas estavam fechadas, quando abriram, vimos que tinham pessoas “caindo nos cantos” de tão cheio. É uma surpresa sempre! Mas não enchemos o nosso coração com essas coisas, porque o dia que não tivermos um público tão grande nos ouvindo, não ficaremos tristes.
Não temos o sonho de ser um grande nome da música evangélica. Começamos tocando música em visitas pastorais, nos quartos, para nossa família, amigos e enquanto visitávamos enfermos nos hospitais. Então, o dia que as multidões não quiserem nos ouvir continuaremos fazendo as mesmas coisas, porque sempre nos deu muita alegria. Acabamos de voltar de uma célula, estar em um grupo pequeno é melhor do que qualquer palco pode oferecer. É bom estar nesses grupos e olhar para as pessoas, estudar a Bíblia e ouvir o que o Senhor tem a nos dizer.

Embora o álbum ainda não tenha sido lançado, vocês já divulgaram algumas canções do futuro CD “Torah”. Neste projeto, vocês literalmente cantam a Bíblia. É um pouco do resgate das antigas canções como da Arpa e dos chamados “corinhos”?

Tiago: É mais ou menos isso. O CD “Mais” é uma exploração das diferentes facetas da existência humana em um contexto de relacionamento com Jesus, que passa por sofrimento e a convicção de que dias melhores virão. Já no álbum “Torah” vamos parar de explorar essa ideia subjetiva a partir de nós e focaremos esses mesmos sentimentos em alguns dos principais personagens da Bíblia contidos nos primeiros cinco livros da Bíblia. Vamos abordar essa questão da esperança e das angústias a partir deles e não de nós, como fizemos no “Mais”. Queremos fazer na música o mesmo que fazemos, quando lemos a Bíblia, no sentido de se encaixar na história e nos enxergarmos na vida dos personagens bíblicos.

O Torah já tem previsão de lançamento?

André: É complicado dar uma data para o lançamento, mas sabemos que gravaremos em janeiro. Se Deus quiser, até o final do ano lançamos.
Dá para perceber que vocês apreciam a música do Marcos Almeida. Ele faz uma defesa clara da não separação da música gospel e secular, inclusive, com o projeto Nossa Brasilidade.

Vocês têm essa mesma visão?

Tiago: Achamos que têm ecos de verdade nas expressões culturais, artísticas. Todos nós estamos em busca daquilo que é real. É muito fácil escrever uma música que fale bastante de Jesus, mas que não seja legítima, não tenha verdade. E por que a que não fala claramente de Jesus não tem nada de verdadeiro? Acho que é isso que o Marcos está tentando dizer. Nós sempre acreditamos nisso. Não entramos na questão do sacro e do secular, porque acreditamos que essas dicotomias só atrapalham as coisas, mas a ideia de que existem ecos de verdade, de beleza, nas expressões humanas, em busca da realidade, isso é extremamente analógico à experiência cristã.
Vocês têm contato com a igreja brasileira e com a americana. Em que elas se diferenciam?

Tiago: Acho que os Estados Unidos está sempre à frente do Brasil, em torno de 10 a 15 anos,
no aspecto da socialização e da secularização. O número de pessoas que se formam nas universidades americanas é muito maior, embora a população brasileira também esteja se educando consideravelmente, mas a grande massa ainda tem um deficit na educação.
Por esse processo estar mais avançado nos Estados Unidos, nota-se que quanto mais as pessoas vão para as universidades, mais desconectadas da igreja elas ficam. Como a igreja não dá esse respaldo em temas relacionados às questões existenciais, a igreja está perdendo essa conexão com os jovens e isso é um problema. Quando olhamos para o Brasil e vemos que a igreja cada vez menos consegue se conectar com essas questões abordadas nas faculdades, a mesma situação acaba se repetindo. Hoje os Estados Unidos é um campo missionário. A igreja americana está idosa e cada vez está decrescendo. A gente vem para o Brasil e vê uma igreja jovem. Mas as realidades entre ambas as nações são diferentes e, por isso, possuem aspectos positivos e negativos nos dois países em relação à fé.

É a primeira vez em BH? Como está a expectativa de ministrar na Lagoinha?

Tiago: Estou aqui pela primeira vez, mas meu irmão é casado com uma mineira, por isso, já estive aqui outras vezes. Quanto à igreja não conhecemos muito, mas ouvimos falar coisas boas da Lagoinha, e o nosso pai assiste ao programa do pastor Lucinho pela Rede Super. Temos boas expectativas para essa noite (apresentação no Culto Encontros realizado no dia 9 de dezembro).

Fonte: Lagoinha.com

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