Os ministros israelenses aprovaram neste domingo um projeto de lei que pode gerar furor entre os muçulmanos do país. Segundo a tradição, todo seguidor de Maomé precisa fazer orações cinco vezes por dia voltado para Meca. O chamado é feito do alto dos minaretes, torres anexas ao espaço de culto religioso nas mesquitas.
A informação divulgada pelo Ministério da Justiça dá conta que a medida foi aprovada pelo comitê ministerial sobre legislação, com a denominação oficial de “Projeto de Lei para a prevenção do ruído emitido pelas casas de oração”. Agora, segue para o Congresso, onde será debatida.
Ainda que não mencione nenhuma religião em específico, a nova lei estabelece a proibição de transmissões por alto-falantes das 23:00 às 7:00 da manhã. Isso inibiria o chamado para a primeira das orações, que ocorre logo após o nascer do sol.
A comissão presidida pelo ministro da Justiça, Ayelet Shaked, assegurou que o projeto será agora apresentado como um projeto de lei do governo. A proposta anterior foi rejeitada porque atingiria a sirene acionada ao pôr-do-sol na sexta-feira, para marcar o início do sabbath [sábado].
O autor do projeto, deputado Motti Yogev, do partido Casa Judaica, afirma que a legislação é necessária para evitar perturbação diária de centenas de milhares de israelenses não-muçulmanos que vivem no país.
Curiosamente, o presidente de Israel, Reuven Rivlin, falou contra o projeto, afirmando acreditar que a legislação já existente sobre poluição sonora é suficiente.
Caso seja aprovada, a nova lei não poderia ser aplicada no alto do Monte do Tempo, onde está a mesquita Al-Aqsa, terceiro local mais sagrado do Islã, pois o local está sob jurisdição da Jordânia.
Retaliações e ameaças
Apelidada de “lei muezzin”, o projeto também é chamado pela imprensa de “lei muçulmana”, uma vez que parece ter como alvo o grande volume de som emitido pelos alto-falantes de todas mesquitas em todo o país lembrando aos fiéis que “Alá é único Deus”.
“Esta lei não trata do barulho nem de qualidade de vida, é apenas um incitamento racista contra uma minoria”, reclamou o deputado árabe Ayman Odeh, chefe da bancada islâmica do Congresso israelense. Cerca de 20% da população de Israel é muçulmana.
O porta-voz da Autoridade Palestina Yousif al-Mahmoud disse que, se aprovada, a lei irá causar um “desastre na região”. Logo que ela começou a ser debatida, foram feitas ameaças de morte aos deputados que votassem a seu favor. Agora a Jordânia, país islâmico vizinho, declarou que Israel “não tem o direito” de legislar sobre as mesquitas.
Com informações de Daily Mail e Israel National News
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