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sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Onda Dura: a igreja que não parece igreja

A Onda Dura, ou apenas a Onda, é mais uma das chamadas igrejas alternativas que se multiplicam pelo país. Seu fundador, o pastor Filipe Falcão, o Lipão, atualmente contabiliza mais de três mil jovens nos cultos, em 12 cidades. Com a cabeça raspada, alargadores nas orelhas e as tatuagens que cobrem o corpo, ele associa visual descolado e ideias progressistas.
Sediada em Joinville, Santa Catarina, a igreja é focada na Geração Y, dos nascidos entre as décadas de 1980 e 1990. Talvez por isso, trate com certa naturalidade temas espinhosos como a homossexualidade e uso de entorpecentes.
“A Bíblia reprova essas atitudes, mas ninguém aqui vai falar ‘você é pior do que eu’. Se alguém chegar para mim e falar ‘sou gay, fumo maconha e não quero mudar’, respondo: ‘Beleza, pode continuar’. Não é uma pegada de imposição”, explica Lipão.
Filho do pastor pentecostal Evaldo Duque Estrada, Lipão começou a Onda há pouco mais de uma década. Era um braço da Comunidade Cristã Siloé, igreja pastoreada pelo seu pai, mas tomou rumos próprios.
Algumas ações promovidas por ele alimentaram a curiosidade das pessoas e também geraram críticas. Em 2015, os jovens da Onda Dura carregaram por algum tempo uma cruz de madeira com meio metro de comprimento junto ao corpo.
Usando a tática do “marketing de guerrilha”, a prática se justificava: “A intenção da cruz é conscientizar quem está disposto a seguir a Cristo de que é preciso carregar uma cruz que não é material, mas uma cruz de consciência”.
Chama atenção ainda o seu desafio ao conceito tradicional de santidade, normalmente visto como um afastamento do mundo. “Jesus não ouvia música cristã, não ia às festas cristãs, tampouco só conversava com cristãos. Reavalie o que é santidade”, disse ele durante uma pregação em Joinville.

Culto na balada


Uma das expansões que mais cresce é a da cidade catarinense de Jaraguá do Sul. Cinco anos atrás, o pastor Tom Joner começou a reunir amigos na sala do apartamento dos pais . Hoje a Onda local reúne, em média, 250 pessoas. As celebrações dominicais conhecidas como “Soma” ocorrem em uma balada.
O líder religioso se justifica: “A balada tem estrutura de som, iluminação, possui palco e ar-condicionado. Tudo isso para que a gente possa receber o pessoal bem e para que todos fiquem confortáveis enquanto escutam a palavra”.
Um local próprio está nos planos, mas o foco maior está nos grupos pequenos, os GPs. Neles, grupos entre 7 e 14 pessoas se encontram durante a semana para sair, jantar e praticar atividades coletivas. “Este é o momento de integração da Onda, onde as pessoas se conhecem melhor e convivem verdadeiramente umas com as outras”, esclarece Tom.
Para ele, o principal desafio de ser pastor é conversar de igual para igual com uma juventude que está o tempo todo conectada e tem acesso à muita informação. “Os jovens veem e leem muita coisa que às vezes pode distorcer o que se vive dentro da Onda”, resume.
Sua proposta é de desassociar aos escândalos associados à outras igrejas, que afastam muitas pessoas. “O que queremos mostrar é que a vida na igreja pode ser repleta de liberdade”, enfatiza. “Costumo dizer que a nossa igreja é cheia não porque tem a porta larga, mas sim porque ela está sempre aberta.”
Andressa Sett tinha uma opinião bem distinta antes de começar a frequentar. Eu passava na frente do lugar antigo onde os encontros aconteciam e estranhava o perfil dos adeptos”, confessa. Depois de assistir algumas pregações disponíveis no Youtube, mudou de ideia. “Foi ali que comecei a me identificar com o que a Onda Dura representa”.
Conta também que já não frequentava mais a igreja onde fora criada “porque não via sentido naquilo”. Hoje tem outra perspectiva: “Depois que conheci a Onda entendi como é viver a minha fé de maneira plena”. 

Com informações Por Acaso

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