Logo que os portões das escolas foram fechadas para o início do segundo dia de provas do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) foi divulgado o tema da redação. Os candidatos devem escrever um texto de opinião sobre “Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil”.
Mantendo a tradição de abordar temas sociais, segundo o INEP, a redação deveria ter, no máximo, 30 linhas. Ela precisa ser desenvolvida “a partir de uma situação-problema e de subsídios oferecidos sob a forma de textos motivadores”.
Nos últimos anos os temas foram polêmicos, com uma clara orientação ideológica “à esquerda”. Ano passado, a redação teve como título “A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira”. Os alunos deveriam analisar a questão e apresentar uma possível solução. Em 2015, a questão do ENEM mais polêmica, tratava da afirmação “Ninguém nasce mulher: torna-se mulher”, baseada em um texto da feminista francesa Simone de Beauvoir.
Cerca de 8 milhões de candidatos estão realizando a prova neste domingo. Além da redação, responderão a perguntas objetivas sobre Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Matemática e suas Tecnologias. São 45 questões de múltipla escolha para cada prova.
Segundo os especialistas, a elaboração de uma redação do ENEM não deve se restringir às ideias apresentadas no enunciado da prova, devendo mostrar algum conhecimento do assunto. Além do quesito forma, onde se leva em consideração questões ortográficas e gramaticais, o candidato precisa ser capaz de elaboração uma “proposta ao problema abordado, respeitando os direitos humanos”.
Conforme era esperado, as religiões afro-brasileiras aparecem como as mais perseguidas no quadro disponibilizado pela comissão que elaborou a prova. Baseado em um índice da Secretaria de Direitos Humanos, com dados entre 2011 e 2014, seriam 75 casos registrados. Em seguida vem os evangélicos com 58 e os espíritas com 27. Os católicos aparecem com 22.
Uma vez que a soma de evangélicos e católicos resulta em 80 casos, seria possível argumentar que, de modo geral, o cristianismo é a religião com o maior índice de perseguição.
Curiosamente, o mundo vive desde 2014 uma grande onda de perseguição religiosa sistemática contra cristãos e outras minorias no Oriente Médio. Com a ascensão do Estado Islâmico, um genocídio étnico e religioso vem sendo executado, enquanto a grande mídia ignora o tema.
Se nos primeiros meses os vídeos e imagens de execuções eram mostrados pela imprensa, depois de um tempo o assunto foi gradualmente saindo de pauta. Atualmente é tratado apenas como uma ‘guerra civil’.
O pensamento politicamente correto, que parece ser a norma na maior parte do mundo, trata qualquer denúncia contra os atos de muçulmanos como “islamofobia”. Em atentados terroristas claramente cometidos por motivação religiosa – atos de jihad islâmica – esse aspecto sempre é minimizado como ação de “extremistas” ou simplesmente ignorados. Na contramão, todo ato realizado por um indivíduo ou grupo cristão é classificado de “fundamentalismo religioso”.
Quando se fala sobre perseguição religiosa na imprensa brasileira, geralmente são casos isolados de ataques a seguidores de religiões afro. Quando alguns políticos começaram a tentar denunciar que também existe uma “cristofobia” que deveria ser combatida foram ridicularizados.
O deputado Sóstenes Cavalcante (DEM/RJ), que também é pastor da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, usou as redes sociais para lançar um questionamento. “A Intolerância Religiosa, existe inclusive para nós que temos mandato e somos evangélicos! Quero ver a redação daqueles que vilipendiaram os símbolos católicos na parada gay, os defensores do Estado Islâmico e as feministas da marcha das vadias, será o que eles vão escrever nessa redação?”
Já o pastor Gaspar de Souza, da Igreja Presbiteriana dos Guararapes, na região metropolitana de Recife, arriscou sugerir que o MEC esperava como resposta, “acusar os evangélicos de intolerantes”, e “exaltar as religiões afros como expressão cultural em detrimento da fé católica e evangélica no Brasil”. Para ele, “o Ministério da Educação Marxista incentivará a intolerância na redação. Nada diferente da surrada “jogar uns contra os outros”.
Patrulha ideológica
O patrulhamento ideológico constante de segmentos da imprensa sobre líderes evangélicos e políticos que possuem cargos eclesiásticos também poderiam ser classificados de “perseguição religiosa”. Contudo, para o estudante brasileiro médio as únicas questões abordadas em sala de aula mostram os cristãos como os “agressores” nunca como os agredidos.
Toda forma de perseguição religiosa é criminosa. Ela deve ser denunciada e os responsáveis julgados segundo as leis vigentes. Infelizmente, esse é apenas mais um tema tratado com parcialidade no país.
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